domingo, 2 de outubro de 2011

Café

E como ela sonhava  com aqueles tempos, sem saber dosar a quantidade de imaginação embutida nesses pensamentos. Suas expectativas eram sempre bem maiores do que a realidade, a escolha de não sentir aquilo novamente era tanta que acabava em uma enorme controvérsia com desejo de voltar ao primeiro momento. Voltar àqueles olhos, voltar àquela voz... Todos os dias, quando o sol baixava e ela repousava os longos cabelos sobre o travesseiro.

domingo, 8 de maio de 2011

O papel

Amassado, no meio da rua como qualquer um. Era laranja, que aliás, é minha cor favorita... quiçá por isso eu o tenha aberto. Poucas palavras escritas em letra de forma, meio arredondada. Familiar. Parecia uma frase pronta, não sei. Comecei a imaginar como isso caberia em minha vida... "Que bobagem, Ricardo!", pensei. E fui tentando assimilar a minha oposição até chegar à banca de revistas, onde eu sempre vadiava, tomava um café, e lia as baboseiras do jornal.
Tirei o papel laranja do bolso e viajei no improvável, naquelas coisas de destino, ilusão para mim, que não levava muito à sério tudo isso. Remotamente me veio à mente o teu nome... "Maria" E claro, a discussão da semana passada. Pensei em te ligar. "Sua chamada está sendo encaminhada para caixa de..."
Fui caminhando para o meu apartamento. Tão frio, tão só. As folhas secas brincavam com os meus pés. Ventou forte, fechei meu casaco e enfim cheguei até a porta do velho prédio. Preferi usar a escada.
Tirei as chaves do bolso e alguém me esperava na porta. Maria. Depois disso, mesmo não querendo admitir, não lembro de mais nada.