domingo, 8 de maio de 2011

O papel

Amassado, no meio da rua como qualquer um. Era laranja, que aliás, é minha cor favorita... quiçá por isso eu o tenha aberto. Poucas palavras escritas em letra de forma, meio arredondada. Familiar. Parecia uma frase pronta, não sei. Comecei a imaginar como isso caberia em minha vida... "Que bobagem, Ricardo!", pensei. E fui tentando assimilar a minha oposição até chegar à banca de revistas, onde eu sempre vadiava, tomava um café, e lia as baboseiras do jornal.
Tirei o papel laranja do bolso e viajei no improvável, naquelas coisas de destino, ilusão para mim, que não levava muito à sério tudo isso. Remotamente me veio à mente o teu nome... "Maria" E claro, a discussão da semana passada. Pensei em te ligar. "Sua chamada está sendo encaminhada para caixa de..."
Fui caminhando para o meu apartamento. Tão frio, tão só. As folhas secas brincavam com os meus pés. Ventou forte, fechei meu casaco e enfim cheguei até a porta do velho prédio. Preferi usar a escada.
Tirei as chaves do bolso e alguém me esperava na porta. Maria. Depois disso, mesmo não querendo admitir, não lembro de mais nada.